O projeto de execução da Consolidação da Escarpa da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, situa-se na área localizada entre a ponte do Infante e a Ponte Luiz I, sobranceira à Rua Cabo Simão e limitada superiormente pelo Quartel da Serra do Pilar e o Observatório Meteorológico da Serra do Pilar.
O objetivo da estudo e intervenção foi o de caracterizar o estado atual da escarpa, diagnosticando a sua segurança e identificando riscos, desenvolvendo de seguida soluções que permitiram incrementar a segurança da área, dando lugar a uma futura utilização do espaço e das vias de circulação existentes ou a construir. Para além de garantir o reforço estrutural e a segurança na escarpa foi necessário consolidar muros existentes e empreender pequenos ajustes ao longo da rua Cabo Simão no sentido de garantir condições de transitabilidade a veículos de emergência e socorro.
O objetivo do projeto de estabilização preconizado foi travar a possível propagação dos fenómenos de instabilização generalizados ou localizados, atribuindo ao local intervencionado uma proteção acrescida face a eventuais escorregamentos de massas rochosas e aluimentos de terras, desprendimento de blocos rochosos posicionados em consola, ravinamentos e erosão progressiva das superfícies, e ainda a descompressão, desagregação e fracturação do maciço rochoso.
Tratando-se de uma obra essencialmente urbana e com forte visibilidade e impacto na zona onde se insere, as soluções previstas tiveram em forte atenção o aspeto final, permitindo o enquadramento mais apropriado no aspeto geral da escarpa, sem relegar a função de estabilização para a qual as soluções foram desenvolvidas.
As soluções apresentadas distribuem-se de forma acertada com o zonamento que a própria escarpa apresenta. Assim, a zona central da escarpa, que apresenta os materiais menos competentes em termos de resistência, será essencialmente intervencionada com muros/vigas ancorados e revestidos a pedra de granito, prevendo-se ainda outras intervenções de carácter estético que permitem corrigir algumas soluções já implementadas na escarpa. Já as zonas com uma componente mais rochosa serão intervencionadas através da aplicação de soluções que permitam a estabilização de blocos ou frentes rochosas, impedindo a sua queda para as zonas onde existe circulação e se prevê circulação futura. Estas soluções englobam a aplicação de pregagens e/ou recalçamentos de blocos isolados (ou mesmo o seu saneamento) e redes associadas a pregagens no caso das frentes rochosas mais significativas.
Tratando-se de uma zona de intervenção com uma área imensa descoberta, foi dado especial ênfase às soluções que garantem a estabilidade nas zonas próximas das vias de acesso e circulação existentes.
Com o objetivo de garantir condições de circulação e segurança na Rua Cabo Simão, desenvolveu-se uma solução constituída por uma plataforma rodoviária, com 5.0m de largura, e um passadiço pedonal com 1.50m de largura efetiva, executada sobre a via existente.
Estruturalmente, a solução preconizada para a plataforma rodoviária passa por uma laje em betão armado apoiada em microestacas e atirantadas por pregagens. Quanto ao passadiço, a solução passa por uma estrutura metálica suportada por vigas metálicas embebidas na laje de betão armado, igualmente apoiadas nas microestacas e atirantadas nas pregagens.